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Combate ao Doping: riscos associados ao uso de substâncias proibidas no esporte

No ano dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Paris, especialista do CEUB alerta atletas e treinadores sobre incidências acidentais no âmbito esportivo e as consequências das substâncias proibidas

No ano em que o mundo se mobiliza para acompanhar e concorrer aos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Paris 2024, ganha relevância o Dia Nacional do Jogo Limpo e Combate ao Doping no Esporte, celebrado em 15 de janeiro. A data busca conscientizar atletas, treinadores e dirigentes sobre a integridade e igualdade nas competições. De acordo com a Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem, 71 atletas brasileiros foram suspensos por doping em 2023. O professor de Educação Física do Centro Universitário de Brasília (CEUB), Tácio Santos, comenta a influência do doping e estratégias para promover o jogo limpo entre atletas e praticantes de atividades físicas em geral.

Segundo Santos, a prática da dopagem vai de encontro a um dos princípios básicos do espectro esportivo: a busca pela equidade nas condições de competição. Ele afirma que, apesar das inevitáveis diferenças entre indivíduos, sejam elas na composição corporal, recursos materiais ou financeiros, há uma busca constante por um limite de igualdade. “O uso de dopagem que alguns atletas buscam rompe muitas vezes essa fronteira, criando desequilíbrios injustos que comprometem a integridade da competição e vão de encontro aos valores essenciais do esporte”.

Atletas federados devem fornecer informações sobre sua localização ao longo do ano à agência de controle de dopagem de seus respectivos países, como é o caso da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem no Brasil. Isso permite que, por meio de sorteios ou investigações, sejam submetidos a exames de controle antidoping. Embora as práticas operem discretamente, visando direcionar o foco para a prática esportiva em si, há procedimentos em andamento. “Antes, durante ou após as competições, alguns atletas podem ser selecionados aleatoriamente ou por investigação para realizarem testes antidoping, garantindo a transparência e o jogo limpo”, explica o docente do CEUB.

Santos revela que quando um atleta precisa usar uma substância com potencial efeito dopante por razões de saúde, surge a Autorização de Uso Terapêutico (AUT). Uma junta médica avalia a real necessidade e a dosagem apropriada para o tratamento específico do indivíduo: “É considerada uma tolerância proporcional ao uso terapêutico, com o uso autorizado por um período limitado, sujeito a reavaliações pela mesma junta médica. Essas reavaliações podem estender, renovar ou ajustar o uso terapêutico conforme necessário”.

De acordo com o professor, apesar dos atletas estarem cientes dos efeitos imediatos dessas substâncias no desempenho esportivo, poucos têm conhecimento dos impactos adversos a longo prazo. Os profissionais de Educação Física são figuras chave ao oferecerem informações detalhadas no dia a dia dos atletas e praticantes de atividade física, além das campanhas em larga escala das autoridades e do governo. “As entidades representativas investem na comunicação efetiva sobre os perigos do doping, podendo inclusive impor sanções a indivíduos que façam uso das substâncias proibidas. É fundamental que todos os agentes informem sobre essa outra parte, menos conhecida”.

Consequências físicas e éticas das substâncias proibidas

Para o especialista, estimulantes, anabolizantes esteroides afetam todos os sistemas do corpo, levando a problemas nos órgãos vitais, como coração, rins e fígado, além de lesões musculares e efeitos psicológicos, como agressividade ou depressão. “Há ainda métodos proibidos, como autotransfusão de sangue para aumentar a capacidade de transporte de oxigênio, com riscos graves à saúde cardiovascular. No esporte paralímpico, há práticas para simular um estado de alerta corporal, como o uso de tiras apertadas ou pequenas agressões, o que representa um risco físico e psicológico considerável”, alerta.

Eticamente, Tácio Santos acrescenta que o uso dessas substâncias e métodos vai contra os princípios do olimpismo e influencia negativamente não apenas os atletas, mas todos os envolvidos em atividades recreativas e físicas. Normalizar a violação dessas regras pode encorajar outros a buscarem substâncias dopantes para melhorar o desempenho em atividades recreativas ou estéticas, o que é amplamente discutido nas políticas de prevenção à dopagem.

Estratégias para o esporte limpo

O especialista em Educação Física do CEUB destaca estratégias para desencorajar o doping entre atletas jovens, com o papel de não apenas fiscalizar, mas também educar, oferecendo palestras para atletas de base e profissionais que atuam no cenário esportivo. Além de entidades nacionais, como a Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem, Tácio ressalta o esforço liderado pelo Conselho Federal de Educação Física para capacitar profissionais que possam conscientizar a população sobre os impactos à saúde: “O foco desse trabalho é ampliar a compreensão sobre os efeitos prejudiciais à saúde e éticos do doping”.

Segundo o docente do CEUB, é importante ampliar a divulgação sobre a dopagem não intencional. Tanto atletas de elite quanto em formação muitas vezes inadvertidamente recorrem a substâncias proibidas por questões de saúde, uso de medicamentos, suplementos alimentares ou até mesmo produtos cosméticos que contenham componentes proibidos. “A ABCD oferece traduções das substâncias em português do Brasil e um aplicativo que facilita a consulta, segmentando por modalidade, já que diferentes esportes podem ter diferentes substâncias vetadas, evitando a dopagem involuntária”, finaliza Tácio Santos.