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Como a simbologia das histórias e personagens influenciam a personalidade das crianças

Por meio da literatura infantil é possível que os pequenos vivenciem situações que podem ser desafiadoras na vida real

Muitos são os processos de construção que influenciam a individualidade de uma criança. Para a psicopedagoga e escritora infantil Paula Furtado, a literatura infantil, com o seu poder educativo e terapêutico, faz parte dessa formação ao apresentar valores, normas sociais e emoções, pois permite que uma criança projete seus sentimentos e entenda melhor a realidade ao seu redor. “Os contos funcionam como espelhos e janelas para as crianças. São espelhos porque refletem suas emoções e experiências, ajudando-as a nomear e compreender o que sinto. E são janelas porque as transportam para outras realidades e ampliam sua visão de mundo e sua capacidade de empatia”, explica Paula.

Fábulas, mitos, parábolas, lendas ou histórias populares dialogam sobre diferentes aspectos do desenvolvimento humano, e a grande força terapêutica dos contos está em sua simbologia. “Crianças pequenas, muitas vezes, ainda não dão nomear suas emoções, mas conseguem se identificar com os personagens e as situações narradas. Um monstro pode representar um medo interno, uma floresta escura pode simbolizar uma fase de insegurança, um herói solitário pode refletir um sentimento de abandono ou busca por pertencimento. Ao ouvir e recontar essas histórias, a criança encontra uma maneira de expressar aquilo que sente sem precisar verbalizar diretamente”, Paula.

Leitura

O diálogo com os filhos é uma oportunidade de fortalecer os laços afetivos e, na leitura, é possível incluir diversos temas que tocam aspectos profundos da psique infantil. E isso promove um crescimento emocional que pode ser levado para a vida adulta.

Como exemplo, a obra Contos da Carochinha com a Turma da Mônica , escrita pela própria Paula Furtado, adapta contos tradicionais para uma linguagem mais acessível utilizando os personagens de Mauricio de Sousa; e o Era Uma Vez – Aprendendo Português , também da escritora, que apresenta os contos de fadas de forma mais próxima a dos originais, ilustrações para crianças a partir de 10 anos, que já têm um maior entendimento das narrativas clássicas e podem explorar suas simbologias com mais profundidade.

Ambiente escolar

Na sala de aula, os educadores podem explorar com os alunos alguns contos clássicos que apresentam, em sua estrutura, momentos de dificuldade e transformação, o que ajuda a criança a entender que os desafios fazem parte do crescimento. Paula cita alguns clássicos:

  • O Patinho Feio – Hans Christian Andersen. Ensina que cada indivíduo tem seu próprio ritmo de desenvolvimento e que a aparência inicial não define o valor de ninguém.
  • Cinderela – Charles Perrault. Trabalha a resiliência, trata da inveja representada pelas irmãs mais que tentam impedir o crescimento da princesa.
  • A Bela e a Fera – Gabrielle-Suzanne Barbot. Reforce a capacidade de superar as adversidades e a importância de enxergar além das aparências.
  • João e Maria – Irmãos Explora questões como abandono, exclusão e compulsão alimentar.
  • Branca de Neve – Irmãos Aborda a vaidade exacerbada e as consequências do narcisismo. A madrasta, obcecada pela própria beleza, ensina às crianças como a inveja e a busca por uma perfeição ilusória podem ser destrutivas.

“Por meio dos contos, as crianças também entendem que o herói nunca começa forte e preparado, ele precisa superar obstáculos, errar, tentar de novo e viver situações que podem ser desafiadoras na vida real e ajudar a formar sua personalidade”, finaliza Paula.

Sobre Paula Furtado

Paula é pedagoga, formada pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), com especialização em Psicopedagogia, Neuropsicopedagogia, Educação Especial, Arte de Contar Histórias e Arteterapia pelo Instituto Sedes Sapientiae e Leitura e Escrita, também pela PUC-SP. A profissional já trabalhou como professora de Educação Infantil e Ensino Fundamental na rede particular de ensino, e já atuou como assessora pedagógica em escolas públicas e particulares.

Paula Furtado atende crianças e adolescentes com dificuldades de aprendizagem. Nesta área da educação, a pedagoga ministra cursos para formação de educadores nas instituições de ensino público e particular e realiza palestras para pais sobre a importância de contar histórias.

Como autora, Paula completa seu trabalho escrevendo diversos livros infantojuvenis (100 obras até o momento) e, dentro de suas atuações de jornada literária, também foi coordenadora e supervisora psicopedagógica em diversas publicações infantis (Contos de fadas, Lendas e Folclore) com a Girassol Brasil e Mauricio de Sousa. A autora complementa suas atividades escrevendo para diferentes revistas de educação sobre temas pedagógicos, além de trabalhar na criação e patente de Jogos Pedagógicos como: Desafio, Detetive de Palavras, De Olho na Ortografia, dentre outros.