(Hannah Arendt – Uma Aula Magna. Foto: Ricardo Brajterman)
Chega ao final a curta temporada do aclamado espetáculo dirigido e estrelado por Eduardo Wotzik. Numa crescente de público, a peça vem encantando a plateia brasiliense ao dar luz a temas sensíveis que atravessam o cotidiano da vida contemporânea
Chamada de “Artivismo” quando de sua estreia, essa aula magna sobre educação e a importância do pensamento é numa provocante investigação sobre a cena e suas possibilidades. Uma vez que traz seu próprio criador, o ator e diretor de salto alto e barba no papel de Hannah, numa liberdade que só o Teatro proporciona. Para Wotzik, “o teatro será sempre o lugar onde nos encontraremos para lembrar uns aos outros de que somos humanos”. No palco, Hannah discorre sobre temas como ética, Eichmann, escola, a massa silenciosa, a banalidade do mal e nossas crianças.
Hannah Arendt – Uma Aula Magna resulta de um longo processo, “quando escrevi o texto, diz Wotzik, eu estava desesperado porque o perigo era iminente, mas aí veio a pandemia e não deu tempo de aplacar a fúria do fascismo que ascendia, e então, ele veio e se espalhou rasteiro. Esse texto é minha resposta: eu não morri, eles não conseguiram me matar e meu artista saiu dela mais vivo do que nunca”, acentua.
Sucesso nos teatros do Rio de Janeiro e dos CCBBs Belo Horizonte e São Paulo, o espetáculo se despede do Centro Cultural Banco do Brasil Brasília neste final de semana com sessões de quinta (31), a sábado (2), às 20h, e domingo (3), às 18h. Os ingressos, à R$ 30 (a inteira), estão disponíveis na bilheteria do CCBB e no site ccbb.com.br/brasilia. “A temporada em Brasília tem sido emocionante e o espetáculo muito bem acolhido pelo público, que vibra e aplaude com intensidade ao final de cada sessão”, descreve Wotzik.
Eduardo Wotzik, Um homem de teatro
Há mais de 45 anos, Wotzik se dedica a investigar e levar aos palcos o resultado de suas pesquisas. Foi um dos fundadores do icônico Grupo Tapa e vencedor dos prêmios Shell, Moliére, Mambembe, Minc-Funarte e Ibeu, citando os principais.
Parceiro de Walmor Chagas, Tônia Carrero, Clarice Niskier, Ítala Nandi, Gustavo Gasparani, Domingos Oliveira, Eliane Giardini, Amir Haddad, Rogerio Froes, Fabio Assunção, dentre outros, em montagens premiadas e com milhares de espectadores, Wotzik é um dos mais consistentes homens do teatro brasileiro. Carioca e psicólogo de formação, para ele “o teatro será sempre o lugar onde nos encontraremos para nos lembrarmos uns aos outros de que somos humanos.”, diz o produtor, dramaturgo, ator e diretor.
A frente de mais de 50 espetáculos, sua obra dialoga com autores da mais alta respeitabilidade como Sófocles, Shakespeare, Euripedes, Lorca, Nelson Rodrigues, Clarice Lispector, Millôr Fernandes, Maeterlinck, Moliére, Tolstói, Noel Coward, Emily Dickinson. Entre as tantas montagens, que foram divisores de água e que despontam e sua trajetória, estão: “Sonata Kreutzer” de Tolstói, com Luís Melo; “Tróia” com Camila Amado, Clarice Niskier e Cristiana Oliveira, “O Interrogatório – A Vigília” de Peter Weiss, “A Geração Trianon”, considerada uma aula de teatro; a antológica “Bonitinha, mas Ordinária” de Nelson Rodrigues; “Édipo Rei” com Eliane Giardini, Amir Haddad, Gustavo Gasparanni e Rogério Fróes; e “Um Equilíbrio Delicado”, de Edward Albee, com Tônia Carrero e Walmor Chagas.
Sobre sua construção como cidadão, hoje mais humano, ponderado, tolerante e civilizado, Eduardo afirma que “foi o teatro que me deu um rumo, um propósito, um serviço para oferecer ao meu semelhante. Me fez e faz sentir inserido no meu entorno, parte de uma comunidade, um ser social que ensina e aprende todos os dias”, detalha e ressalta: “o teatro aprimora nossa capacidade crítica”.
Um recado que Eduardo deixa ao seu público, que o acompanha e assiste às suas obras, é o de não confundir arte com entretenimento, “nem tampouco teatro com televisão ou cinema, são mundos bem diferentes”. E sugere: “empodere a arte na vida e teremos mais galerias, mais teatros, livrarias, casas de shows, cinemas e menos, muito menos, farmácias, bancos e hospitais. O que você gasta com remédios inúteis, invista em arte. A arte cura, a arte salva”.
Além da carreira de produtor, diretor, ator e autor, Wotzik se dedica à formação educacional de jovens, que passaram pelo Centro de Investigação Teatral, da Casa de Cultura Laura Alvim, em Ipanema no Rio de Janeiro, e em palestras e oficinas ministradas em teatros do Brasil, nos CCBBs, SESCs, nas Caixas Culturais, em Companhias de Teatro e na Funarte.
Material à imprensa: https://bit.ly/HannahArendtUmaAulaMagna
Espetáculo: Hannah Arendt – Uma Aula Magna
Texto, direção e atuação: Eduardo Wotzik
Local: Teatro do Centro Cultural Banco do Brasil Brasília
Endereço: SCES Trecho 02 Lote 22
Temporada: até 3 de novembro de 2024. Quinta, sexta, sábado, às 20h, e domingo, às 18h
Ingresso: R$ 30 (inteira), e R$ 15 (meia), à venda no site www.bb.com.br/cultura e na bilheteria física do CCBB Brasília
Duração: 80 minutos
Classificação indicativa: não recomendado para menores de 14 anos
Informações: bb.com.br/cultura